jeudi 5 novembre 2009




Das memórias perdidas
e reencontradas tantas vezes,
em sonhos ou lembranças vívidas,
em verde escrevo o sol
que escorre pelas minhas mãos
e tudo se dilui na saudade do infinito
e nos desejos dos olhos claros da madrugada.
Antes fosse um poema
que perpetuasse os segundos
que em mim ardem como espinhos aguçados,
que sangram os lábios e a dor do futuro.
Mas futuro é o presente que arde e sente,
que fere e pressente
o rosto que acaricia um horizonte,
de mãos entre as colinas da memória.

Se o futuro é cada segundo que hoje vivemos,
que se eternize o júbilo da sagração
e se festeje cada gesto como dádiva sequiosa
que inunda o corpo e percorra, em êxtase,
os caminhos da cidade sitiada.

Sobre as colinas de Jerusalém
dormem as mãos e a boca
dessa memória renascida das cruzadas,
dessas lutas sem inimigo,
desse esvair por dentro
do passado sem futuro,
ou do futuro sem presente.
De qualquer modo sentem-se
e pressentem-se as mãos
que ardem entre as colinas da memória,
agora rejuvenescida,
e sentem-se e pressentem-se
as lágrimas que escorrem
entre os dedos do dia que amanhece.
Serão contas, talvez,
de um novo rosário
de feitiços e encantamentos.

Um outro sufrágio das mãos ritualiza,
agradecido, uma nova religião
de gestos em oferenda.
O oficiante está pronto
para as trindades do amanhecer.


Khadun

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