lundi 21 septembre 2009




Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama a ti,
que não te inquiete
se o amor leva à felicidade,
se leva à morte,
se leva a destino algum.
Se te leva.
E se vai mesmo, ele ...
Não faças de ti
Um sonho a realizar um.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o unico em todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
sem dizerem que esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
doloroso,
difícil,
o que tu viste inútil
foi o que viram os teus olhos
humanos,
esquecidos ...
enganados ...
No momento da tua renúncia
estende sobre a vida
os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor ...
... E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.

Cecília Meirelles



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